terça-feira, 27 de outubro de 2009

Cultura de Paz e Pedagogia da Convivência - Hamilton Faria

Cultura de Paz e Pedagogia da Convivência:Ação e Políticas Públicas
Cenários e horizontes da ação global e local
Hamilton Faria
As diversas mesas realizadas no seminário internacional Cultura de Paz e Pedagogia da Convivência:
Ação e Políticas Públicas,falam por si e atualizam nosso debate sobre Cultura de Paz.Talvez este
seja o mérito maior deste encontro,pioneiro no Brasil,pelas temáticas conectadas com desafios d
mundo contemporâneo e pelo número e qualidade das redes envolvidas e da mobilização realizada.
Estabelecemos uma sinergia muito forte no encontro.Mas a novidade não está apenas nestas
qualidades apontadas.A pedagogia da convivência aponta caminhos verdadeiramente concretos,
com suas metodologias e processos educativos que buscam educar para a paz não apenas com valores,
(sem dúvida imprescindível num mundo carente),mas com metodologias fundamentais no próprio
cenário nde a violência graça.Uma outra grande boa nova é estimulo à criação de políticas
públicas para a Cultura de Paz.O tema deste fórum nos mostra um caminho apropriado:o de buscar
um pensar e agir e a ampliação das ações ao transformá-las em políticas públicas de amplo alcance e
capilaridade no mundo contemporâneo.
Uma questão importante a destacar também é a troca entre o global e o local,construindo fluxos e
caminhos que dão sentido à este trabalho.Se pelo global passam as grandes decisões econômicas,
políticas,ambientais de um mundo cada vez mais interdependente,com consciência crescente de que
é a nossa Gaia que está em questão,de que a geopolítica é fundamental para s impérios e,
consequentemente para a vida dos súditos,é pelo local que se dá a verdadeira mudança,a essência
como dizia o geógrafo Milton Santos;este é o lugar da vida das pessoas,das relações consigo,com o
outro,com a natureza.Para usar uma palavra do escritor Mia Couto,podemos nos lugarizar .
Portanto,não podemos em cultura ou em qualquer ação contemporânea colocar em oposição local e
global,sob o risco de cometermos relativismos culturais ou fundamentalismos que podem impedir
qualquer processo de humanização universalista.Gandhi nos diz:“Não quero que minha casa seja
cercada de muros por todos os lados e que minhas janelas estejam tapadas.Quero que a cultura de
todos s povos ande pela minha casa com o máximo de liberdade possível.”Sem dúvida que uma
Cultura de Paz é por natureza internacionalista,pois entende que no diálogo intercultural entre paises,
raças,etnias,gêneros,gerações,práticas religiosas e espirituais,modos de vida e visões de mundo
poderá surgir novas sínteses criativas para a convivência.
Assim,podemos falar em valores,ações e políticas públicas que têm sua vitalidade em cenários
glocais ,ou seja,local e global.Trata-se de ações culturais glocais que pretendem mudar linguagens,
estruturas e imaginários plantados na mente e no coração das pessoas e coletividades.Uma pedagogia
da convivência deve estar aí presente para deslegitimar a violência direta,estrutural e cultural e
apontar caminhos de convivência intercultural,como indica J.Galtung em suas reflexões sobre a Paz.
Os grandes desafios globais e a cultura de paz
O mundo contemporâneo,ao mesmo tempo que está doente e desequilibrado,atravessado por
violências de toda a natureza e feições,mundializando a guerra,mostrando sua face horrível de
barbárie,apresenta um cenário promissor de mudanças através da ação de redes nacionais e locais,
com suas idéias,ações diretas e institucionais.Um mundo belicoso que se assentou nos últimos cem
anos na premissa do conflito como solução:guerra justa,libertadora,violência emancipadora.E assim
foram s ciclos revolucionários,a luta colonial e a geopolítica dos impérios.
Bush fala do eixo do mal,que só haverá paz com guerra ao terrorismo e divide o mundo entre eles e
nós:“quem não está conosco está contra nós ” .Assim vemos ódios e inimigos em todas as partes e não
compreendemos que a liberdade,a justiça e a paz jamais sairão da boca de um fuzil.Novamente
Gandhi identifica a paz como sintoma da força e a violência como manifestação da fraqueza.

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